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06/01/2010

Como se não houvesse amanhã...

Aprendi a viver no hoje.

Há 5 dias atrás terminou um ano que trouxe muitos marcos importantes na minha vida.
Um ano de conclusões e de inícios. De encontros, desencontros e descobertas.
Foi um ano que abraçou várias pessoas próximas, muito próximas, distantes, velhas, novas e muito novas, com aquele abraço que não pretende mais soltar. Aquele que o tempo decide dar quando bem entende, e que aos que ficam deixa lágrimas e cava buracos no coração-queijo-suíço. A constante presença da ausência como o “navio que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais” que o Chico disse.

Chego em 2010 com paz e esperança... no hoje.

Aprendi que o amanhã não é meu, muito embora seres humanos sejam “máquinas” de sonhos. E o que ainda não existe é o que nos impulsiona a sorrir.

Aprendi de forma especial a dar atenção aos relacionamentos. As outras pessoas são o que existe de mais desafiador neste caminho curto que se chama vida. É bom olhar nos olhos e crescer com este contato. Mesmo que doa. Mesmo que a coragem ainda não seja suficiente.

O outro é o melhor espelho para nós mesmos. Com suas cargas de dor, angústia, medos, desacertos, escolhas, seu passado... mas também com sua espontaneidade, sonhos, sorrisos, acolhimento e abraços. Aprendi que é melhor abraçar aqueles que decidem se dar plenamente, com suas bagagens abertas e expostas, repletas de qualidades e defeitos misturados pelo sacolejo da viagem e pela inconstância das estradas...
É bem melhor poder se render a esta vulnerabilidade porque só ela revela o verdadeiro Amor e a Graça que só Deus sabe e pode fazer fluir de nós.

A despeito dos não-francos. A despeito dos manipuladores, que tratam as pessoas como se fossem mamulengos – objetos do seu próprio prazer, e deixam suas próprias vidas e descanso escaparem pelos dedos.

Em ocasiões de início de ano, é comum se perguntar sobre planos para o futuro. Quando comecei a me dar conta de minha postura, tive medo de parecer irresponsável pela falta de metas claras. O que posso responder é que continuo estudando e trabalhando...
Mas a verdade é que nunca senti tanta paz em me contentar com o agora. No exercício constante de me perceber dentro dos minutos, [nunca abrindo mão de me distrair com a beleza... até porque ela costuma ser mais forte] Em não deixar para amanhã. Em fazer, criar e dizer o que der vontade. Prestar atenção nos que passam por mim ao longo do dia. Deixar claro para a minha família e para os amigos o que significam para mim sempre que quiser espalhar palavras bregas de amor pelo vento...

E principalmente, de me permitir mudar de ideia.

2 comentários:

Mauricio Araujo disse...

O arco e a flecha!

Certa analogia marcou muito minha vida: o movimento do arqueiro. Quando retornamos atrás (passado) não podemos ficar presos por lá, pois caso contrário nada acontece. Este é um problema muito comum no deprimido. Olhamos um alvo (futuro) incerto ainda, mas no qual nos projetamos, não podemos ficar presos por lá, pois nada acontece. Este é um problema muito comum no ansioso. O presente é o movimento da retomada ao passado visando um futuro e, principalmente, arriscando em nossos palpites.

Bela mensagem! Espero que continues vivendo no presente.

Liege Lopes disse...

Ah, Bianca... tomara que 2010 seja um ano melhor ainda. Cheio da Graça, cheio de graça, cheio de gente, de beleza, delicadeza e inteligência, que são coisas que combinam muito com você.

Beijos!