Início

20/11/2005

A Carta

Não vá levar tudo tão a sério
Sentindo que dá, deixa correr
Se souber confiar no seu critério, nada a temer
Não vá levar tudo tão na boa
Brigue para obter o melhor
Se errar por amor Deus abençoa, seja você
No que sua crença vacilou
A flor da dúvida se abriu
Vou ler a carta que o Biel mandou

Pra você, lá do Brasil:
Eles me disseram tanta asneira, disseram só besteira feito todo mundo diz
Eles me disseram que a coleira e um prato de ração era tudo que um cão sempre quis
Eles me trouxeram a ratoeira como um queijo de primeira que me, que me pegou pelo nariz
Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas e disseram para eu ser feliz
Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro?
Se ninguém pode ser feliz sem voar?
Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto
E para o meu espanto minha voz desfez os nós
Que me apertavam tanto
E já sem a corda no pescoço, sem a grade na janela
E sem o peso das algemas na mão
Eu encontrei a chave dessa cela
Devorei o meu problema e engoli a solução
Ah, se todo o mundo pudesse saber
Como é fácil viver fora, fora dessa prisão
E descobrisse que a tristeza tem fim
E a felicidade pode ser simples como um aperto de mão
Entendeu?
É esse o vírus que eu sugiro que você contraia
Na procura pela cura da loucura
Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia



#Lamento ter demorado tanto para surgir um desses magníficos do maravilhoso, perfeito, sublime, emudecedor DJAVAN aqui no blog.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Bionca!

Para manter a tradição recente, vou comentar seu post.

Primeiro: Nunca vi músicas e poesias na mesma categoria, pois uma eu lia, outra ouvia. E eu nunca liguei muito pra letras de músicas, mas só pra seus sons e rítimos. Era algo como "não me importa o que a letra passa, mas o que o som transmite".

Já a poesia, no papel, eu sempre achei chata.

Mas, tudo bem, é uma parte legal de vc. E, mesmo não gostando, dá pra ver que você posta poesias e letras de música que ecoam sua alma, coisas que o Ticiano e a Alê não postariam.

Leia-se: dá pra conhecer você.

E, para mim, essa sua escolha passa uma impressão legal.

Segundo: Falando da letra, propriamente. 1. Quem é Biel? Isso tem uma história por trás, ou é só uma brincadeira?

(Podem ser perguntas burras, mas são as minhas mesmo...)

"Eles me disseram que a coleira e um prato de ração era tudo que um cão sempre quis
...
Mas como eu posso ser feliz num poleiro? Como eu posso ser feliz sem pular?
...
Ah, se todo o mundo pudesse saber como é fácil viver fora, fora dessa prisão, e descobrisse que a tristeza tem fim, e a felicidade pode ser simples como um aperto de mão."

Isso me lembra o jeito do grupo de teatro, mas passa mais calma, mais segurança... sei lá.

Você, hoje, passa mais segurança.

E parece feliz.

Descomplicada.

Queria ver um post seu dizendo o que, da sua bela alma, você sente ecoar nessa poesia.

Fale mais de si. Se abra.

Eu até vou ler. =)

bjs!

Anônimo disse...

"Oi Luiz, sou eu de novo,"

Oi, Bianca, sou eu de novo.

"fui adestrada por professores de literatura a desvincular poesia de poema. A definição de poema era sempre o texto. E a de poesia era o sentimento, o abstrato que levou ao texto."

Bem... uma coisa é o texto, outra coisa é o contexto, outra são as entrelinhas, outra é a minha interpretação pessoal, e ainda outra é o impacto do texto sobre mim.

Esse conceito de "o sentimento, o abstrato que levou ao texto" é confuso pera mim, pois eu não tenho acesso à alma do poeta.

Umberto Eco dizia, se me lembro bem, que seria bom até que o autor morresse após escrever seu texto, para não atrapalhar o texto interagindo com os leitores. O texto, para ele, não seria a intenção do autor, mas seu resultado final transcenderia suas intenções e inspirações.

Qualquer texto é mais rico que a alma de seu autor, pois também pode ecoar na minha ou na sua de formas diversas.

Ou eu posso estar falando abobrinhas mesmo.

"Pode ser sofisma isso, mas foi esta a associação que me ensinaram."

É um conceito válido, eu é que não fui educado desse jeito. Aliás, matei muitas aulas de literatura, e só tirava notas baixas na escola.

"Estou aberta para novas aprendizagens..."

Eu sei. E eu também.

"Beijo"

bjs!

Anônimo disse...

PS: Postei uma letra de música no meu blog também, no post chamado "emergência chama dr. Greene..."

Bianca disse...

Bem Luiz,
Primeiramente obrigada pelos elogios,
segundo, eu preciso dar uma pequena discordada de você, amigavelmente.
Nós, artistas e afins, estudamos em filosofia um fenômeno chamado Catarse, não sei se você já ouviu falar, mas catarse é, sucintamente, uma forma de ‘purificação’ através da arte (seja nas tragédias, no teatro, na música, na literatura), ela se dá ao permitir que a pessoa viva certas emoções sem precisar passar pelas conseqüências más pelas quais o herói (no caso de narrativas) passou, tirar lições, aprender com os erros dos outros, sentir o que não teria coragem de fazer por si mesma, experimentar paixões... É o que o Sócrates defende como forma pedagógica, embora o Platão discorde.

Enfim, o que eu quero dizer é, se as pessoas (diga-se a Alê e o Ticiano, como você citou) postam textos que explicitamente não te dizem alguma coisa, eles são absolutamente o reflexo de suas almas também, seja pela catarse ou não, na maioria das vezes até nem é por ela. Se esforce um pouquinho que você vai descobrir muita coisa sobre eles.

Posso estar falando abobrinhas também, mas é tão divertido...

bjs

Anônimo disse...

Bem, realmente é divertido. =)

Eu entendo a coisa da catarse, e entendo que um artista trabalhe buscando alcançar um certo efeito no seu público. Além disso, ele projeta coisas suas no texto, mesmo sem querer.

Seu um texto alcança essa catarse ou não, se deve a uma série de fatores. Revendo meu texto:

"uma coisa é o texto, outra
coisa é o contexto, outra são
as entrelinhas, outra é a minha
interpretação pessoal, e ainda
outra é o impacto do texto
sobre mim."

Essa catarse, ou a identificação freudiana, ou seja lá o que for, transcende as intenções, sentimentos e idéias do autor, por mais que não as invalide.

A obra vai além do autor, e graças a Deus por isso. Senão, as obras iam passar em branco por nós.

Já nem sei mais bem o que estou escrevendo.

Poste idéias novas 'preu comentar! Discorde das minhas, eu não ligo.

A brincadeira assim tá ótima.

Anônimo disse...

Bibs...
Eu tb emudeço...diante do Biel...diante do Dja...emudeço, absorvo, catarseio...beijo!