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14/04/2009

Ode ao Popular [de repente, um repente]

Eu queria escrever um verso cantado
Sobre uma paixão que no peito guardo
Paixão sei que é, pois de doçura os olhos se enchem
Ternura de mãos geladas e rosto quente
Que se ergue alta em acorde sanfoneiro
Ou batuca leve acompanhando o violeiro
Ousada, não demoro a denunciar:
Minha paixão é pela arte popular!

A idéia então brotou naturalmente
Uma homenagem em versão pra lá de nobre
Escrever o encanto em forma de Repente
Coração cheio, idéia rica, rima pobre

O que é do povo explode em cores e formatos
E só não é se a tinta cara lhe faltar
De cada gesto emana a inventividade
De quem na vida é acostumado a se virar

No interior trabalha a mãe que é ceramista
E com o barro se distrai o seu menino
Bois e bonecos: é evidente o dom de artista
Mãos ainda pequenas, eis o Mestre Vitalino

E de beleza e vida abundam os barracos
De liberdade natural pra se criar
Nas requintadas rendas feitas na lagoa
Habilidade pra neoclássico invejar

Vêm calejados, rostos marcados pelo sol certeiro
Trazendo o peixe e o riso que brotam do mar
Canções ritmadas pelas batidas do peito
Tranças, cirandas com o vento a balançar

Lindas histórias contam-se de pai pra filho
Mitos e lendas, fatos e recordações
É a mistura do homem-um que é coletivo
É a coleção das multidões de cada um

O que é riqueza ou pobreza se confundem
Se o valor de cada coisa está no olhar
Este é o nordeste que encontrei a correr no sangue
É esta a beleza que trago no peito a pulsar.

3 comentários:

Miguel Del Castillo disse...

e viva o vô Assis! haha

patrícia disse...

bianca, "habilidade pra neoclássico invejar" é muito bom.

lindo, lindo.
é vovô assis mesmo ou é vc, de pseudônimo familiar? (rimou!)

Bianca disse...

É vovô mesmo...
Meu vô Assis.
O nome dele é João Paulo de Assis, mas quando descobri o "João Paulo", ele já era vovô Assis há muito tempo... era primeiro nome, na minha cabeça! hahaha
=]

Meu velhinho que tem cachos lisos e brancos, tão brancos que brilham. E um carregado sotaque de nordestino que parece que nunca saiu da sua terra.