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30/12/2005

Domínio e Renúncia

“... E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e SUJEITAI-A; e DOMINAI sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra....”

A principal atividade do homem pré-histórico era a sobrevivência. Hoje poderia haver um Bisão para o desjejum, e amanhã um ratinho para alimentação de um dia inteiro. Os roteiros de estadia acompanhavam a existência de alimento e condições de vida, eram nômades, e não se podia desperdiçar a possibilidade de vida, por isso, as mulheres geralmente estavam grávidas... Sempre!

‘A arte foi responsável pelo primeiro sorriso’. Bem, isso é poético, pode ser bobo, mas deixe-me explicar: A função da arte na pré-história era mágica. A tese mais defendida pelos historiadores é que os desenhos de animais, cautelosamente representados, imagens de caça
específicas, que se encontravam no fundo de cavernas em lugares escuros, longe da visão, era uma espécie de ritual para a caça. Os animais sendo mortos nos desenhos seriam posteriormente encontrados e apanhados. Quanto melhor o pintor, melhor o caçador, da mesma forma, quanto melhor o caçador, melhor o pintor, (pelo maior contato com o bicho, por conhecer seus músculos e texturas bem de perto...), enfim, a noção de que agora se podia controlar sua sorte, sua maior preocupação que era encontrar alimento, o homem relaxou, e pôde, então, sorrir.

Mas não quero falar aqui sobre arte, e sim sobre controle, o domínio que é natural ao homem. É dom divino.
Isto não parou por ali... Depois veio o domínio do fogo, e com ele a técnica, já que não se pode tocar o fogo diretamente. Passos largos. Na mitologia, o mito de Prometeu e Epimeteu diz que o fogo foi dado aos homens após ter sido roubado dos deuses!

Agricultura, domesticação de animais, comércio, escrita, astrologia, grandes navegações, domínio das formas, estética, fotografia, computador, bioindústria, capitalismo, Grande Rede Mundial, religião e tudo que é natural, se ainda não foi, está sendo dominado pelo homem.

A técnica que a princípio era exclusivamente pela necessidade, vai sendo aplicada pelo conforto, e assim vai-se vivendo... Repito: isso tudo é bênção!

Perder o controle traz, na esmagadora maioria, tensão. Vide as introduções de teorias científicas não convencionais, as passagens de movimentos literários e artísticos, quebras de paradigmas políticos e de dogmas religiosos. Em cada um dos exemplos, há historicamente, mortes ou conflitos.

Mas aonde eu quero chegar com esta loooonga introdução?
Bem, há uma coisa que não se pode controlar, está desvinculada das ações, na seguinte ordem: É possível agir sem amar, mas impossível amar sem agir.
O amor não é dominado por técnica ou ciência. Querer dominar o amor é ceder à nossa
natureza humana!

Eu vejo nisto tudo, que Deus requer de nós algo que vai contra o próprio dom que Ele nos deu, mas que, no entanto, nos fez tão capazes quanto. A Fé, base do nosso relacionamento com Ele, é firme fundamento do que não se vê e prova do que se espera, ou seja, foge ao nosso controle. É confiar em algo que não entendo de onde virá, nem como, nem porquê, nem quando. Deus quebrou nosso galho (e que galho!) ao nos enviar Jesus, nossa prova visual e tangível, porém ainda alcança vidas não pela imposição, mas pela fé! E traduz, inspira, transforma e consola pelo Espírito Santo.

O que eu tiro desta história toda, é que se somos capazes de amar, é por que fomos feitos à sua imagem, e Ele é o próprio amor. Viver o evangelho é viver no amor, então, é renunciar. Para o relacionamento com Deus, abro mão do controle, abro mão de uma das minhas maiores características humanas que é o domínio. E é isto que Deus exige de nós ao nos chamar de volta para si, que renunciemos!

Minha maior tensão vem ao tentar controlar o incontrolável, assim como o meu sorriso (como o do homem pré-histórico) vem com a confiança de que está tudo em sua devida ordem, bem gerenciado por quem sabe o que faz, e por quem não precisa controlar o amor por este ser o Seu Nome.

Discorde de mim, será bom ouvir pontos de vista e testar o lance de perder o controle... mexam nos meus paradigmas!

2 comentários:

Anônimo disse...

(ã)

Anônimo disse...

Grande texto - nem tenho o que dizer.

bjs